CAMINHANDO COM MARIA

Caríssimos paroquianos e amigos, nestes tempos de pandemia, diante da necessidade urgente do isolamento social, estamos por todos os meios possíveis alimentando a nossa fé, tanto na vida pessoal como na vida comunitária. É momento para perseverarmos na fé, certos da presença do Senhor Ressuscitado.

Estamos no mês de maio, dedicado tradicionalmente à Nossa Senhora. Na História da Igreja a figura maternal e missionária da Virgem Mãe de Deus e nossa nos estimula no seguimento de Jesus e numa autêntica consagração de vida. Vários são os títulos e homenagens que Maria Santíssima recebe ao longo da história do Cristianismo. De maneira especial, diante da urgência da hora presente, o episcopado latino-americano consagrou o continente aos cuidados maternais de Nossa Senhora de Guadalupe no Domingo de Páscoa.

Nossa Senhora é invocada constantemente como auxílio do povo cristão, uma vez que intercede por nós junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Por mandato do próprio Filho, dado no alto da cruz, torna-se Mãe da Igreja e de todo o povo cristão, logo, está sempre presente nos nossos caminhos. Um canto antigo nos diz assim: Maria, Mãe dos caminhantes, ensina-nos a caminhar. Nós somos todos viajantes, mas é difícil sempre andar!

Meditando sobre o momento difícil que todos estamos vivendo, percebemos como somos frágeis e mortais, e como necessitamos da graça de Deus para combatermos o bom combate da fé. Podemos, como filhos amados do Pai e filhos queridos da Virgem, suplicar sua bênção para não desviarmos nosso olhar do caminho e não esmorecermos com o peso da cruz. Nossa Senhora, que viveu totalmente da vontade de Deus, tem muito a nos ensinar nas dificuldades e tribulações. Ensina-nos a olhar a vida com maior profundidade, discernindo sempre para vivermos com o necessário, ensina-nos a confiar nos dons do Espírito Santo para sermos criativos e fortes na fé, ensina-nos a viver sustentados pela Palavra de Deus, na certeza de que Ele não nos deixará jamais.

Da Anunciação à Assunção, Nossa Senhora buscou as coisas do Alto, numa escuta única e numa resposta silenciosa. Nesse momento, onde muitas vezes sentimos a solidão ou a sensação de abandono, podemos aprender com ela, nossa Mãe querida, a valorizar o silêncio como modo oportuno para ouvir a voz de Deus e vencer o deserto das tentações e dos enganos. A partir desse silêncio fecundo, saberemos dar valor ao falar e ao agir. Aprenderemos a não desperdiçar nossa vida com ilusões e coisas supérfluas, se tivermos Nossa Senhora no nosso caminho como modelo de seguimento a Jesus.

Dois episódios devocionais são muito caros a nós brasileiros e latino-americanos: a aparição de Nossa Senhora de Guadalupe a São Juan Diego no México em 1531 e o encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida nas águas do Rio Paraíba do Sul em 1717. Duas realidades simbólicas tão belas que nos ajudam a confiar no infinito amor que Jesus tem por nós. Tanto o índio neófito como os pobres pescadores passavam por grandes sofrimentos: a pobreza, a marginalização e a enfermidade. Eles sentiam a opressão dos poderosos, mas diante dessas manifestações do céu sentiram através de Nossa Senhora o cuidado de Deus. Em Guadalupe, a Mãe Morena disse a Juan Diego: “Acaso não estou eu aqui que sou tua Mãe?”

Saibamos viver de forma sadia a devoção filial à Nossa Senhora. Sejamos perseverantes na fé. A cada dia do mês mariano busquemos meditar os mistérios da Salvação e lembremo-nos: Cristo é a Vida que tanto precisamos. Tenhamos a certeza de que, embora passemos por vales tenebrosos, o Senhor está conosco e sua Mãe que é Nossa Mãe cuida de todos nós. Não tenhamos medo, vivamos de esperança em esperança.

Unido a vocês de todo coração,

Pe. Felipe Cosme Damião Sobrinho, pároco