O NORMAL PARA NÓS
Caríssimos paroquianos e amigos,
_Estamos
iniciando o mês de agosto, celebrado como mês vocacional em nosso país.
Estamos, como Diocese de Santo André, celebrando um Ano Vocacional. Abrindo
nossos corações e acolhendo o chamado de Deus, vivemos a vida como vocação.
_Vocação
é chamado, resposta e responsabilidade. Chamado da parte de Deus, resposta de
cada batizado e responsabilidade da Igreja como Povo de Deus. A primeira
resposta generosa foi a de Jesus que disse sim ao Pai e à humanidade assumindo
a nossa história e condição. Ofertando-se totalmente na cruz para a plena reconciliação,
Jesus nos ensina o valor do sim. Somos nós agora chamados a dar uma resposta
clara e generosa a Cristo e aos irmãos.
_Vemos
as pessoas, a partir da abertura gradativa dos diversos espaços sociais e
religiosos afirmando que o novo normal chegou. Mas o que é normal para nós?
Temos assistido entristecidos o aumento da violência, da intolerância moral e
religiosa, do relativismo ético, da doutrinação ideológica, do desemprego, da
pobreza e da fome. Nossos países atingidos pela realidade da pandemia, viram
assombrados os tantos outros problemas reais escondidos numa falsa concepção de
normalidade. Quando falam de “novo normal”, fico a pensar se somos pessoas
novas para que tudo seja novo...
_Diante
disso, vemos pessoas exasperadas por lugar garantido nos espaços abertos
pensando somente no Eu. Não existe normalidade quando há egoísmo. Vemos pessoas
nas ruas sem proteção colocando a si mesmas e ao próximo em perigo de contágio.
Não há normalidade na ignorância. Vemos pessoas a criticar sem nenhum critério
técnico as orientações da Organização Mundial da Saúde, das entidades
científicas e civis, assim como os meios de comunicação social diante dos
posicionamentos necessários para o enfrentamento real da pandemia. Não há
normalidade quando há negacionismo e desinformação. O novo normal não existe
sem conversão e maturidade.
_Estamos
às portas do início da campanha eleitoral nos municípios brasileiros. As datas
para os pleitos foram transferidas. O debate político deverá ser mais maduro e
comprometido com a transformação da realidade desigual do nosso Brasil. A
pandemia denuncia muitos crimes contra o bem comum e o desenvolvimento dos
povos. Não há normalidade quando impera a corrupção e a alienação política e
econômica. Não há normalidade onde há uma desigualdade social estrutural que
não será vencida sem a harmonia dos poderes públicos e critérios acadêmicos e
morais sólidos. Esperamos que nosso povo não continue a fazer barbaridades com
o poder do voto direto.
_Logo,
o normal para nós nasce do critério de Jesus no Evangelho segundo João: “Eu vim
para que todos tenham vida”. (Jo 10,10). Longe do fanatismo e do negacionismo
que nos escraviza cada vez mais, essa Palavra de Deus feito Homem deve nos
deixar reflexivos e nos incitar verdadeira mudança interior e exterior. Devemos
nos converter para que o novo normal seja o novo de Jesus para nós, humanidade
sofrida e sedenta de liberdade. Como vocacionados à santidade, rezemos e
trabalhemos por isso!
_A
abertura gradual de nossa paróquia dependerá dos critérios científicos e da
nossa boa educação. Dependerá de nossa resposta vocacional diária a Deus, do
nosso testemunho de fé e amor ao Reino e aos irmãos. O segredo será saber se
colocar no lugar do outro, superando achismos e opiniões particulares para
viver de fato em comunidade. Esperamos, pela graça de Deus e empenho de todos,
poder dar passos significativos para que a paróquia seja evangelizada e seja
casa de todos.
_Reze,
pense e reflita ao longo desse mês sobre o chamado de Deus em sua vida. Tenha a
certeza do Amor d’Ele por cada um de nós e não tenha medo de querer ser uma
pessoa nova. Suplique ao Divino Espírito Santo os seus dons para se tornar
verdadeiro protagonista na sua vida e na caminhada da comunidade. O egoísmo
escraviza, o amor sempre traz libertação.
_Nossa
Senhora da Candelária interceda por nós, para que nosso novo normal seja
caminhar iluminados por Cristo. Amém!
_Meu
abraço e benção paternal,
_Pe.
Felipe Cosme Damião Sobrinho, pároco. _