O Bom Pastor, a Igreja e o Papa

Caríssimos paroquianos e amigos, estamos prestes a encerrar o Ano Litúrgico. Ao celebrar a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo afirmamos na liturgia de nossa vida que Cristo é o Senhor da História e para onde toda a nossa caminhada eclesial converge.

Jesus é o Missionário do Pai. Assumindo nossa carne mortal, santificou a nossa carne e toda a obra da criação. Inaugura em nosso meio o Seu Reino que é justiça, paz e alegria. Ele, mesmo sendo Rei, assumiu a condição de servo, esvaziando-se a si mesmo e tornando-se obediente até a morte de cruz (cf. Fl 2,7-8).

O Reino de Deus, manifesto plenamente em Cristo revela outro sentido de autoridade e poder: o Rei é pastor que cuida, resgata e perdoa, é o último de todos, servo de todos, lava os pés dos seus discípulos, tem como trono a cruz e como cetro a misericórdia. No Reino de Cristo todos são protagonistas: ele a partir dos apóstolos chama a todos para assumir um caminho de vida nova, profecia e santidade autêntica. Constrói pontes para que a todos seja possível alcançar a Salvação. Entregando a vida por nós na cruz, fez nascer de seu Coração atravessado pela lança a doutrina e os sacramentos da Igreja, sua Esposa e continuadora da missão por Ele iniciada. Do mistério do Reino, portanto, nasce a Igreja.

Quando falamos Igreja, não podemos reduzi-la à uma agremiação, clube ou casta. Falamos de um mistério que tem sua fonte na Santíssima Trindade. Como Povo de Deus, a Igreja é prefigurada na história do Povo Fiel, desde o Justo Abel, passando pelos patriarcas, profetas, justos, pobres e pecadores. A Igreja, instaurada por Cristo e confirmada pelo Espírito naquele tremendo e glorioso Pentecostes, para manifestar sua Luz aos homens é Casa de acolhida e missão, é Mãe que ensina o caminho da vida e da liberdade que todos almejamos. Una, Santa, Católica e Apostólica, a Igreja tem como centro de sua atividade anunciar e testemunhar o Evangelho, caminhando unida na diversidade dos ministérios e carismas, na sucessão apostólica, numa vida sacramentária centrada na Eucaristia e, fazendo opção pelos pobres, lutar para que todos tenham vida.

Fazendo-se presente na História, a Igreja manifesta sua vitalidade unida ao Sucessor de Pedro, primeiro dos Apóstolos, aquele que, escolhido por Cristo, preside a Igreja na caridade. Pedro para nós hoje tem o rosto do Papa Francisco, 266º sucessor do glorioso apóstolo. É aquele que hoje luta pela unidade do Povo de Deus disperso, amando e servindo a todos, lavando os pés, lutando pelo equilíbrio entre fé e vida sem medo de condenações, perseguições e constrangimentos. Profeta em tempos difíceis, mas propício para uma verdadeira purificação, o papa conduz a Igreja sob a inspiração do Espírito Santo.

Após essa reflexão, atenho-me a refletir sobre a realidade complexa que vivenciamos na atualidade. Esquecendo-se da nossa verdadeira identidade, muitos arrogam a si a faculdade que julgar o Reino de Deus, a Igreja e o Papa com critérios subjetivos e reducionistas, reduzindo à questões ideológicas o grande depósito da Fé. Confundindo a necessidade de reluzir a beleza da nossa Tradição, muitos apelam à uma fé estética, quase virtual, sem nenhum compromisso com a transformação da realidade, vivendo como se Deus tivesse se encarnado para salvar aos anjos e não aos homens. A Igreja se divide por causa da falta de espiritualidade cristã de vários de seus fiéis, que se esquecem que a palavra católico nos remete à universalidade. Tentam transformar a Igreja num grupo, enquanto a vocação dela é ser Povo.

Rezemos pedindo ardentemente que venha a nós o Reino de Amor. Rezemos pela Igreja e não nos deixemos ludibriar por imagens ou teorias sem fundamento. Tomemos cuidado com as mentiras camufladas sob o falso verniz de piedade que se prolifera. Procuremos conhecer melhor as raízes da fé, a Palavra de Deus, a Tradição e o Ensino da Igreja. Amemos o Papa! São Paulo VI pediu porque somos Igreja, somos a Comunidade cristã organizada na hierarquia para servir. Amemos o Papa porque ele representa Cristo servidor. Não sejamos ingênuos, sejamos sinceros.

Maria, Mãe de Deus e da Igreja, rogai por nós e pelo Papa Francisco. Amém!

Pe. Felipe Cosme Damião Sobrinho, pároco